O mais novo mercado imobiliário em destaque atualmente não fica em uma praia paradisíaca ou em um ponto badalado em uma grande cidade do mundo. É no Metaverso, onde um crescente número de empresas está investindo milhões na aquisição de propriedades digitais.
“Comprar terrenos agora no Metaverso é como ter comprado terra em Nova Iorque 250 anos atrás.” Andrew Kiguel – CEO da Tokens.com – empresa especializada em criptomoedas e aquisições imobiliárias no Metaverso.
Atualmente o Metaverso é sem dúvida, uma das maiores tendências de tecnologia e marketing. A Microsoft e a Meta (Facebook trocou o nome de seu grupo empresarial para Meta) – formando uma nova estrutura para transformar a forma como interagimos e consumimos.
O Metaverso é uma experiência interativa e imersiva povoada por avatares (nosso personagem virtual). Ele permitirá que as pessoas realizem v passeios virtuais, participem de reuniões e eventos, interajam em jogos, comprem produtos e muito mais.
Cada plataforma do Metaverso já está desenvolvendo sua própria economia graças ao aumento de tokens não fungíveis (NFTs) e criptomoedas.
Jornal – Como funciona o mercado imobiliário no Metaverso?
Flávia – A pandemia da Covid-19 acelerou o passo das interações remotas em realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR) para o mercado imobiliário. Isso significa que já existe um precedente para a aplicação de espaços digitais – portanto, fazer a ligação com o Metaverso é um próximo passo natural.
Jornal – Por que alguém investiria em uma propriedade no Metaverso e não no mundo real?
Flávia – Comprar uma propriedade no Metaverso não é muito diferente de comprar uma na vida real. A grande diferença é que essas propriedades existem digitalmente em cidades de ambientes 3D. Quando você é proprietário de um terreno virtual você pode alugar ou desenvolver o local através da construção de shoppings, lojas, empreendimentos em geral etc., assim como na vida real.
Terrenos no Metaverso parecem como um jogo de Monopoly onde você tem grande áreas e partes de terrenos disponíveis para venda. Algumas das principais plataformas de Metaverso que disponibilizam propriedades para venda são: The Sandbox, Axie Infinity, Somnium Space, Decentraland, Pixelynx e outros. A maioria destas plataformas possuem suas próprias criptomoedas. Cada uma dessas plataformas possui uma quantidade limitada de espaço disponíveis para venda, que podem ser controladas através de tecnologia de blockchain.
Em novembro de 2021, a Republic Realm, empresa que compra e desenvolve mercado imobiliário no Metaverso, pagou 4,3 milhões de dólares por uma propriedade no Sandbox. A Tokens.com pagou 2,5 milhões de dólares por uma área no Decentraland que é destinada a lojas e comércio de luxo. A ideia da Tokens.com é transformar essa área na Rodeo Drive ou na Quinta Avenida do Metaverso. Assim como no mundo real, existem áreas onde a frequência de avatars é maior, ou seja, a escolha do local ideal também é fator decisivo na escolha do terreno digital.
A empresas que desenvolvem empreendimentos no mundo virtual, contratam arquitetos para criar seus projetos e depois são os desenvolvedores de games que modulam esses projetos para inseri-los no mundo virtual. Um dos grandes diferenciais dos projetos virtuais é que no mundo virtual essas propriedades podem ir muito além das limitações físicas existentes no mundo real, o que as torna muito mais atrativas para uma nova geração tech.
Jornal – Qual é uma outra forma de aproveitar o Metaverso?
Flávia – Uma outra forma de aproveitar o Metaverso é expandir a venda do mundo real para o mundo virtual. A One Sotheby’s International Realty e a Voxel Architects lançaram a primeira mansão “MetaReal”, que inclui uma casa no mundo real e uma versão virtual no Metaverso e o comprador será proprietário de ambas. A casa virtual ficará dentro do The Sandbox e a real será construída em Miami, em um terreno de 4.000 metros quadrados, em um dos bairros mais prestigiados da cidade. Terá uma área de mil metros quadrados com sete quartos e nove banheiros.
Ao imitar o ambiente do mundo real do dono, é possível criar uma experiência que integra o imóvel do Metaverso e o real. “Imagine você começar a lutar contra um dragão, atravessar uma cordilheira cheia de neve e finalmente chegar à sua propriedade no Metaverso, onde você será saudado pelo avatar de seus amigos de vários lugares do mundo. Depois de interagir em sua sala de estar virtual, você sai do Metaverso e se senta no sofá da mesma casa do mundo real”, explica Flávia.
É claro que investir em propriedades virtuais ainda é um negócio de alto risco e especulativo, visto que o valor das propriedades pode cair consideravelmente de acordo com a popularidade da plataforma. Isso sem falar da volatilidade das criptomoedas. Para diminuir esse risco, os investidores estão comprando espaços em plataformas digitais diversas. A Republic Realm, por exemplo, é proprietária de mais de 3.000 terrenos digitais em 24 plataformas diferentes.
Desde a visualização segura e remota de propriedades do mundo real até a promoção de residências virtuais ou espaços comerciais, o papel do marketing imobiliário provavelmente será vital nesta nova era de conectividade e comunicação. O fato é que o Metaverso oferece um novo espaço para o crescimento das técnicas modernas de marketing imobiliário, seja a propriedade à venda “real” ou virtual.
Flávia ainda afirma que o Metaverso está apenas começando. “O potencial do Metaverso é inimaginável. As futuras gerações serão cada vez mais digitais exigindo da tecnologia experiências imersivas em 3D, ou seja, não ficarão satisfeitos apenas em interagir nas redes sociais e e-commerce em 2D ou rolando telas, como a geração atual. A geração tech-virtual quer encontrar com seus amigos no ambiente Metaverso, onde eles podem interagir de forma mais “humana” sem limites de tempo e espaço”, explicou.
